Equipes da Prefeitura de Pelotas estiveram nesta quarta-feira (8) no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) São Gonçalo com a ação itinerante de Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV. Até novembro deste ano, o Município registrou 167 casos e a atividade desenvolvida pelo Serviço de Atendimento Especializado (SAE), vinculado à Rede de Doenças Crônicas Transmissíveis Prioritárias (RDCTP), da Secretaria de Saúde (SMS), busca descentralizar as ações para ampliar cada vez mais o público das periferias. Já nas primeiras horas da tarde, o movimento foi considerado muito bom por pessoas que realizaram testagem rápida para HIV, sífilis, hepatite B e C. Quem teve interesse em utilizar a profilaxia para o HIV, passou por consulta com médico e recebeu o PrEP. O método prevê o uso de antirretrovirais (ARV), como forma de evitar a infecção pelo vírus.

De acordo com a coordenadora da RDCTP, Greice Mattos, a ideia é expandir a ação nos demais bairros. "Estamos bem contentes em poder realizar a ação para pacientes que, porventura, tenham interesse na profilaxia e, por algum motivo, não acessaram o serviço", comentou. A faxineira Crislaine Rosa Barreto, 31, e a dona de casa Marta Rodrigues Ferreira Gerard, 46, primeiramente receberam informações das atendentes e, então, resolveram fazer os testes como medida de prevenção. Para elas é muito importante saber que existem medicamentos que previne doenças sexualmente transmissíveis.

"A PrEP é um medicamento de proteção a uma infecção caso você seja exposto", esclareceu o professor do Cursos de Psicologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Hudson Carvalho. Ele explica que primeiro é levado a informação que, para a maioria das pessoas, nem existe como possibilidade. "Além da profilaxia, também orientamos sobre outras formas de prevenção, com a realização de testes e métodos preservativos." Como muitas pessoas têm baixo nível de informação, Carvalho entende que elas chegam até o local da ação instigadas ou porque ouviram falar, ou curiosidade. "Para estes casos existe processo de educação para a saúde". O psicólogo, assim como o médico infectologista da Faculdade de Medicina da UFPel, Hilton Luís Alves Filho, integram a ação como membros dos projetos de extensão positHIVes.

"A prevenção tem vários níveis. Ela pode identificar uma infecção mais recente, mesmo que a pessoa não tenha sintomas. Por isso da importância da testagem", considerou o médico Hilton Filho. O especialista conta que, independentemente do resultado, a pessoa vai passar por acolhimento, pois mesmo que dê negativo, ela pode optar pela PeEP. "Se der positivo, vamos pensar nos encaminhamentos. Mas a pessoa sempre será acolhida, orientada e agendada para consulta", esclareceu. O médico ressalta ainda que os testes rápidos podem apontar para outras doenças como a sífilis, que está mais frequente, com notificações de 50 casos por mês em Pelotas. "Sem contar as subnotificações", lembrou o infectologista.

Perfil

Atualmente a consulta e dispensação de PrEP ocorre no Serviço de Atendimento Especializado em HIV/AIDS (SAE), que tem sua equipe responsável composta por médicos infectologistas, enfermeira e farmacêutica. De acordo com Greice, em relação ao perfil atual de usuários da profilaxia, 76,64% da população que faz uso regular é composta por pessoas da cor branca, 82% com ensino superior completo, sendo estes jovens entre 18 e 39 anos. Até o momento, o número de pacientes notificados com HIV em Pelotas é de 91 homens e 76 mulheres. Em 2022, o número total foi de 218 pacientes, sendo 135 homens e 83 mulheres. "Dados que justificam a necessidade de ações extramuros que contemplem as populações de periferia, buscando ampliar o perfil de acesso".

Fique atento

A próxima atividade itinerante ocorrerá no dia 1º de dezembro, nas bancas 16 e 17 do Mercado Central, localizado na rua Quinze de Novembro, 54